quarta-feira, 24 de junho de 2015

Glúten


Para muitos especialistas, a proteína do trigo, o açúcar, o leite, as carnes vermelhas, tornaram-se vilões da alimentação e foram abolidos do cardápio de muitas pessoas. 

Confesso que eu me incluo neste rol, muito embora não seja tão radical a ponto de não comer uma fatia de bolo com glúten, por exemplo.
Todavia, sempre que posso, compro produtos livres de glúten, de lactose, de açúcar e de carbo. Também não como carnes (vermelhas, frango, porco, etc.), exceto peixes e crustáceos.



Embora ainda não saiba se sou intolerante ou não, acredito até que não seja, uma coisa eu tenho certeza, sempre que consumo alimentos com glúten e lactose o meu organismo não reage tão bem. Nada que seja grave, mas sinto-me mais inchada, com um desconforto bastante nítido e que me incomoda bastante. 

Não é modismo, banalização, dieta radical, loucura, mas uma constatação pessoal!

Antes que me indaguem... sou extremamente ativa, pratico natação, corrida, kickboxing, treino musculação, funcional (de segunda a sábado), com acompanhamento profissional (personal), além de ter uma alimentação equilibrada, integral e orgânica. Nunca fui sedentária e desde criança pratico esportes.

Na opinião do médico Luciano, o glúten sozinho não é o culpado pela pandemia de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade e diabetes. Na verdade, vários são os fatores: maior consumo de alimentos processados, de gordura saturada e trans, menor consumo de frutas e hortaliças, pouca atividade física, estresse social, inúmeras substâncias químicas. 
Outro fator, segundo a nutricionista Denise Carreiro, autora do livro "Glúten, toxicidade, reações e sintomas", é que as pessoas passaram a comer muito mais trigo em detrimento de frutas, legumes, verduras e cereais integrais. 



Assim, o trigo, o leite e a soja, por serem alimentos ricos em proteínas de difícil digestão, quando consumidos em grande quantidade podem causar um processo inflamatório na parede do intestino e dificultar a absorção de nutrientes.


Por isso, faz-se imprescindível procurar um médico, realizar exames, buscar orientação de profissional especializado e seguir um programa alimentar adequado ao seu perfil. 


Vamos entender um pouquinho sobre o Glúten 
e a Doença Celíaca?


Para a nutricionista Denise Carreiro, o consumo de glúten realmente provoca algumas alterações no organismo. 

Segue explicação da profissional:
"O trigo moderno, que passou por um processo de hibridação, contém um tipo de glúten que tem 277 aminoácidos ligados entre eles, mas várias dessas ligações não são digeridas pelas enzimas do corpo humano porque o organismo entende como nutriente, no máximo, três aminoácidos juntos. Quando há mais de quatro, essa substância é considerada tóxica pelo organismo e, portanto, um agressor."


Mas a nutricionista alerta que, se a pessoa tiver um organismo saudável, com a flora intestinal íntegra, com capacidade imunológica adequada, é possível tolerar e eliminar as proteínas não digeridas. Isto porque, a tolerância é construída pelos nutrientes, alimentação saudável (legumes, verduras, frutas, cereais integrais) e a microbiota íntegra.


A doença celíaca é uma doença autoimune, desencadeada pela presença do glúten. 
O organismo produz anticorpos direcionados contra o próprio intestino delgado, que se atrofiará e reduzirá sua capacidade de absorção de nutrientes.


As pessoas celíacas (intolerantes ao glúten) não podem comer de jeito nenhum esse tipo de proteína ou alimentos que contenham traços de glúten (ainda que poucos).


Segundo o Dr. Luciano Giacaglia, a doença celíaca pode estar acompanhada de outras doenças autoimunes: como diabetes tipo 1 e hipotireoidismo.

Sintomas típicos:

Diarreia crônica;  fezes com características pálida, aquosa, volumosa e fétida, por causa da má absorção da gordura; 


Comprometimento do estado nutricional, carências vitamínicas múltiplas;


Baixa estatura, osteoporose, anemia, atraso puberal;
Alterações no ciclo menstrual;


 Edemas, dores nas articulações, constipação intestinal e dermatite.


As opiniões sobre o trigo moderno são divergentes. Para alguns, as técnicas de cruzamento, para torná-lo mais resistente e crescer mais rapidamente, não acrescentaram maior quantidade de glúten; para outros, o trigo-anão resultante desse cruzamento contém em torno de 20 vezes mais glúten, porém nenhum teste foi realizado para verificar se tais modificações seriam adequadas para a saúde humana.



Diagnóstico da Doença Celíaca

Feito por um médico, a partir da pesquisa de anticorpos ou realização de teste genético, o qual avalia a presença de substâncias conhecidas como HLA-DQ2 e HLA-DQ8. Se o resultado desse teste for positivo, então a pessoa tem grandes chances de ter ou desenvolver a doença, mas não é um teste disgnóstico. 


Caso dê negativo, então não se trata de doença celíaca, mas outros mecanismos de hipersensibilidade que o glúten pode gerar, conforme Dra. Denise Carreiro.


Ter uma alimentação variada, rica em frutas, verduras, legumes, é imprescindível para o fortalecimento do sistema imune, a fim de que o glúten seja tolerado.


É possível ter resultado negativo para a doença celíaca, contudo possuir sensibilidade ao glúten. Pelo que vi, ao pesquisar sobre o assunto, a sensibilidade ao glúten não celíaca ainda não é uma fisiopatologia totalmente compreendida. 


Segundo o endocrinologista Luciano Giacaglia, a sensibilidade ao glúten é controversa, já que alguns autores sugerem ser uma forma mais branda da doença. 




Podendo apresentar dor de cabeça, náusea, irritação intestinal, fadiga, dores musculares, outros sintomas.



Em tais casos, após uma avaliação médica, é possível recorrer a um período de dieta sem glúten, não inferior a 1 ou 2 anos, sempre supervisionado por médico nutrólogo ou nutricionista.


As pessoas que são sensíveis ou alérgicas, ainda que não tenham diagnóstico positivo para a doença celíaca, podem consumir alimentos com glúten, mas sentem sensível melhora no estado de saúde quando diminuem o consumo ou retiram o glúten da alimentação por tempo determinado.



Destaque para a alergia ao glúten que compreende uma resposta exagerada a essa proteína, provocando manchas pelo corpo, vermelhidão, inchaços, coceira, como as demais alergias alimentares, segundo o Dr. Luciano.


DICA IMPORTANTE: SE TEM DÚVIDA, NÃO POSSUI SENSIBILIDADE, INTOLERÂNCIA E NEM ALERGIA AO GLÚTEN, ENTÃO DEVE-SE CONSUMIR TAIS ALIMENTOS COM PARCIMÔNIA, VARIANDO BASTANTE A ALIMENTAÇÃO FRESCA, NATURAL E, PREFERENCIALMENTE, ORGÂNICA.

A exclusão do glúten deve ser feita sob supervisão médica (nutricionista), quando o diagnóstico justificar tal conduta. 


Somente o profissional poderá indicar a maneira, os alimentos que substituirão o glúten, bem como o período de tempo dessa restrição. 


Apesar de ser altamente inflamatório, os alimentos com glúten compõem grande parte do cardápio diário e, por isso, devem ser adequadamente substituídos por alimentos de alta densidade nutritiva, a fim de evitar possíveis deficiências nutricionais, conforme orientação da Dra. Denise.




Portanto, cuidado com a troca para não comprometer a ingestão alimentar!


A retirada do glúten da alimentação pode auxiliar na perda de peso, mas não significa que ele engorde. 

Isto porque, segundo Dra. Ana, o aumento do peso corporal está associado a um estado inflamatório crônico, decorrente de diversos fatores, como deficiência de nutrientes anti-inflamatórios, excesso de alimentos pró-inflamatórios, dentre eles o glúten.


Portanto, a reeducação alimentar, eventual retirada do glúten, o consumo de alimentos com caráter anti-inflamatório e antioxidante melhoram o quadro geral de inflamação e, consequentemente, contribuem na modulação do peso.

O certo é que, tudo em excesso é ruim! Ingerir muitos alimentos ricos em glúten pode implicar na ingestão de mais calorias do que o necessário, situação que provocará o ganho de peso. 



Algumas informações extraídas da Revista dos Vegetarianos nº 104, junho 2015, Ano 9, "Glúten".

✿ܓEdineide Oliveira

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